domingo, 30 de março de 2008

Preconceito ou simplesmente não usaram nem sequer 0,05% dos seus cérebros?!!

Deu no site do Terra, no dia 28 último, que maiô milagroso faz sucesso na natação. Que mundão é esse?!! Enquanto aqui no Brasil um paraplégico não pode concorrer no atletismo em jogos olímpicos, lá fora, na natação, já tem até “maiô milagroso”!

E é incrível que na natação pode tudo para melhorar a marca! É roupa que deixa o corpo mais leve na piscina, porque deixa de absorver água, é a depilação de pêlos, até mesmo os mais íntimos, para ganhar alguns segundos, e, agora, o maiô milagroso, que até melhora a respiração.

Bom, se na natação pode, porque no atletismo um rapaz paraplégico com pernas mecânicas não pode?

Este rapaz pode até não cansar as pernas, mas ele vai cansar o restante do corpo: o coração será
disparado, as veias irão pulsar, a mente irá até o limite do corpo ou dela própria, o estado cansativo ele vai sentir e as pernas não vão poder ir além do que a mente permitir. Ele não pode simplesmente se transformar em herói de filme que percorre kilômetros sem deixar rastro, em segundos, somente com suas pernas mecânicas, com movimentos além das expectativas para um ser humano. A mente tem seus limites. Ele pode não cansar as pernas, mas não vai poder ter um desempenho além de seus neurônios. Que bom seria poder ir à São Paulo com pernas mecânicas sem ter o cansaço merecido ou tão rapidamente quanto um avião a jato. A aviação iria à falência!

Mas será um caso de preconceito com os paraplégicos. Em Salvador, que se divulgava ser a cidade modelo para eles, o que se vê é uma piada! A sociedade ainda os condena a serem “marginais”. Eles têm acessos somente em algumas calçadas, praças e praias (e mesmo assim, muitas vezes, locais já depredados e sem manutenção), a maioria dos prédios (públicos ou não) ainda não tem acessos devidos em todas as suas instalações, os coletivos são poucos e alguns já mostram problemas no mecanismo de embarque e desembarque (às vezes empaca de uma forma que o paraplégico tem que ser ajudado pela porta da frente mesmo!), a maioria dos colégios e faculdades não estão preparados para aqueles que estudam (podem ter elevadores, mas aí têm os auditórios que o acesso é pela escada. E aí eles só podem descer com a ajuda dos colegas!). Em São Paulo, nas estações do metrô, não tem como eles descerem. Eles ficam aguardando alguém para ajudá-los nas escadas rolantes. E o diretor do metrô ainda disse, em entrevista na TV, que eles precisavam pedir a alguém para chamar os profissionais do metrô para ajudá-los. Um profissional desses a gente deve chamar como? Incompetente ou nem usou os 0,05%...

Ora ninguém é tão insano, mas também não é tão bobo para acreditar que duas perninhas mecânicas vão fazer um atleta ter mais vez que outros que têm o diabo a quatro de bom para correr mais e vencer! Excetuando-se se o bobinho acreditar que vai ter um motorzinho para controlar as pernas, ao invés de usar o cérebro.

Sempre se soube que o cérebro coordena, alimenta e dita as regras de poder, fazer, realizar, mas que ele vai além das expectativas do cansaço e da mente, aí nunca se soube. Será que é dessa vez que a medicina vai descobrir que o cérebro humano começará a trabalhar com mais do que 10%.

A comissão de jogos olímpicos que julgou, simplesmente, nos traduziu, nas entrelinhas, é claro, até o nome: jogos para pessoas em perfeito estado físico, com as duas pernas e os dois braços, sem barriga (ehh!) e sem os seios, se possível! Para eles, paraplégicos não tem um perfeito estado físico! Ou seja, não ter uma das partes não é perfeição! Que o diga Narciso: vejam, no espelho, quem realmente é perfeito em estado “físico” dentre os seres normais de saúde?